terça-feira, 16 de outubro de 2007

Todos somos pipas


As crianças na beira do mangue soltando pipas.

Olho para o céu ilimitado e para o chão onde está o brinquedo que tanto gostaria de ser.


Uma brincadeira qualquer para alguns adultos, mas para nós que somos crianças ou metade crianças é uma coisa muito maneira de se fazer no tempo livre que temos no dia-a-dia.


Brincadeira essa que ultrapassa bairros, fios de energia, mangues, casas de tijolos e tábuas.


Deixar a televisão, o rádio e a preguiça de lado é uma coisa fácil de se fazer quando ouço a voz do meu amigo me chamar para soltar pipa.



Mas pra mim, não é apenas uma brincadeira, é uma maneira de ultrapassar os limites que as pontes me mostram. Queria eu poder voar como a pipa, pois lá em cima no ar não há preconceitos, padrões e muito menos limites estipulados. Eu sou eu mesma, ou melhor, eu sou a pipa. Vôo sem rumo, presa apenas por uma linha frágil que não me deixa esquecer a realidade que tenho.



Mas essa mesma linha frágil me faz cair na real, no exato momento em que a minha pipa é cortada. Aí eu corro atrás do que tanto quero na vida. Algo que era só meu até o momento que estava no ar. Mas depois que o moleque do outro bairro passou o serol na minha pipa, a minha vida voou sem destino. Nesse exato momento, eu e uns 20 moleques corremos desesperados atrás de algo que agora não possui mais dono.


...



Não consegui pegar a minha pipa de volta, mas fico feliz em saber que quem a pegou irá poder viajar como eu viajo nas minhas subidas para o ar. É bom poder ser pipa e viajar sem limites. Mas muito melhor é ser eu dentro da minha realidade e não deixar de sonhar mesmo com os pés no chão.







Nenhum comentário: